Teatro das Beiras recupera peça que estreou há 45 anos. “Continua a fazer refletir e debater”

No ano em que celebra 50 anos de atividade o Teatro das Beiras repõe a peça “A grande imprecação diante das muralhas da cidade”, do dramaturgo alemão Tankred Dorst, com encenação de Gil Salgueiro Nave, que o grupo covilhanense teve em cena em 1979.

Nesta peça uma mulher dirige-se à grande muralha, de um lugar longínquo e perdido na memória do tempo, para reclamar o marido, recrutado contra a sua vontade para engrossar as fileiras dos exércitos do imperador.


“Uma peça que retrata o drama das mulheres que veem partir os seus maridos para a guerra e não sabem como voltam”, relata Gil Sagueiro Nave, afirmando que a peça volta a cena com “intenção”. “No teatro não há inocentes, há sempre uma intenção de produzir elementos que apontem para reflexão, olhando para os direitos, os deveres, a civilidade o antirracismo”.

Olhando para o mundo atual e as guerras que temos a poucos quilómetros, o encenador quer levar o público a pensar e refletir sobre o gripo desta mulher.

“Uma peça muito no feminino. Uma mulher reivindica o regresso do seu marido. Com base nesta parábola diz-se tudo o que é preciso dizer nos momentos que correm”, disse, em declarações à Rádio Clube da Covilhã.

“A grande imprecação diante das muralhas da cidade”, é uma parábola do antigo Oriente, inspirada no desconcerto do mundo.

A peça, a 116ª produção do Teatro das Beiras, tem interpretação de Sónia Botelho, Paulo Monteiro, Bernardo Sarmento e Miguel Brás e encenação de Gil Salgueiro Nave. Estreia a 29 de fevereiro, às 21:30.

Estará em cena de 29 de fevereiro a 2 de março e a 8 e 9 de março, às 21:30 e no dia 10 de março às 16:00, no Auditório do Teatro das Beiras.