10 anos de Museu de Arte Sacra: Covilhã salda dívida de gratidão

Nas comemorações do 10º aniversário do Museu de Arte Sacra da Covilhã, que decorreram ontem, dia 28, à noite, a Câmara Municipal da Covilhã “saldou a dívida de gratidão” que ainda existia com Maria José Alçada e com o padre Fernando Brito ao prestar-lhes homenagem pública, realçou Regina Gouveia.

A vereadora com o pelouro da cultura na Câmara Municipal da Covilhã afirmou ser um “um privilégio” poder entregar os símbolos da gratidão do município, e dos covilhanenses, “aos que permitiram que hoje aqui estejamos”, referindo-se a Maria José Alçada, benemérita covilhanense que doou ao município o edifício onde este se encontra, e ao padre Fernando Brito, que há 10 anos “idealizou e impulsionou” esta estrutura.


“Ao padre Fernando Brito temos que agradecer este espaço, que tem como lema ‘viver com e para a comunidade’ e que tem tudo a ver com quem ajudou a funda-lo”, disse Regina Gouveia.

À família de Maria José Alçada, presente na cerimónia, a vereadora, em nome de todos os covilhanenses, disse “obrigado”, salientando “o orgulho” que devem sentir por “terem uma ascendente que teve o altruísmo de deixar à Covilhã um edifício que permitiu que um projeto tão importante para a comunidade pudesse acontecer”.

D. Manuel da Rocha Felício, Bispo da Diocese da Guarda, durante a sua intervenção na sessão protocolar, afirmou que “cuidar do património cultural é um indicador do caráter adulto de uma sociedade”, sendo a prova de que sabe “receber herança, frui-la e apresenta-la”, vincando que a Covilhã, com este museu, está a demonstrar que sabe “faze-lo e e ao mesmo tempo sabe transmitir esse conhecimento ao futuro, com muita responsabilidade”.

O Bispo associou-se ao município na homenagem ao padre Fernando. “Não estaríamos aqui se ele não me tivesse dito que havia uma oportunidade de tornar visível e fruível, o património notável que temos”, disse. Reconhecendo que a igreja tem esse património, vinca que “o padre Fernando intuiu que era possível dar um passo em frente” para o mostrar e criar este museu.

De forma humilde, o padre Fernando Brito “partilhou” a homenagem com “as pessoas que ao longo destes 10 anos fizeram o museu”, disse na sua intervenção. “Esta homenagem não é para mim, é para todos”, foi a expressão que usou, referindo-se aos políticos, equipa do museu e em especial a Maria José Alçada, que deixou “esta casa para se usar em algo relacionado com cultura”. Recordou que, tal como disse na inauguração, há 10 anos, “se ela fosse viva estaria feliz com o que aqui existe”, acrescentando que se tratava de alguém com “um dinamismo ímpar quer na caridade, quer na cultura, quer todos os campos em que intervinha”.

Fernando Brito agradeceu ainda a todos os párocos do arciprestado, uma vez que praticamente todos contribuíram com peças para este museu.

Instalado na Casa Maria José Alçada, um edifício de 1921 projetado por Raúl Lino, e doado ao município, este Museu tem uma área de exposição de 850 m2.

O património museológico está repartido por dois edifícios, cujo percurso tem como pedra basilar os 7 sacramentos propostos pela igreja católica – batismo, confirmação, matrimónio, ordem, penitência, eucaristia e unção dos enfermos.

Do espólio de mais de 600 peças destacam-se as coleções de pintura, escultura, ourivesaria, paramentaria e figuras de roca.

Além das salas de exposição permanente, o Museu de Arte Sacra da Covilhã tem uma sala de exposições temporárias, um jardim interior e uma loja de venda ao público. É de destacar, pela sua curiosidade, a existência de uma capela dentro da área do Museu, que recria o ambiente religioso comum a este tipo de estruturas.