Lítio: Covilhã contra prospeção nas 2 freguesias com “o melhor solo agrícola do concelho”

O executivo municipal da Covilhã é frontalmente contra a prospeção de lítio nas freguesias do Ferro e Peraboa, considerando que uma futura exploração naqueles territórios põe em causa o seu potencial, uma vez que se trata das duas freguesias com “o solo mais rico em termos agrícolas” do município, destacou hoje, no final da reunião de Câmara, o presidente em exercício, José Armando Serra dos Reis.

“Não podemos, de modo algum, permitir que nas duas freguesias com os solos agrícolas mais ricos e a produção agrícola mais rica do concelho, haja uma prospeção ou qualquer outra atividade exploratória do subsolo que possa por em causa essa exploração e também a qualidade de vida dessa populações” afirmou o autarca, destacando, ainda, a defesa da “qualidade da água”, frisando que que “aquelas populações têm o direito à segurança, proteção e de não serem perturbados por barulhos e a poluição intensa que possa surgir no local”, disse.


José Armando Serra dos Reis, que substitui Vítor Pereira na reunião privada do executivo, frisou ainda que “é entendimento” da Câmara que “os pareceres dos municípios têm que ser vinculativos”, sustentando que são as autarquias que “sabem e têm o direito de dizer o que é bom para o desenvolvimento do território, para a segurança e proteção das pessoas e seus bens, para a qualidade de vida e para a defesa do ambiente”.

José Armando Serra dos Reis afirma mesmo que “não há bens económicos que sejam superiores à qualidade de vida das pessoas, do ambiente e da água”.

Para sustentar a posição da Câmara Municipal da Covilhã, o presidente em exercício, frisa que a Câmara está “empenhada em promover a reabilitação da zona do Couto Mineiro que foi fortemente afetada por questões ambientais”, e “não pode permitir que novas explorações venham a ocorrer no concelho”.

O “documento de contestação”, que foi apresentado durante a reunião de Câmara, cuja posição é partilhada, também, pelos vereadores da oposição, vai ser enviado à tutela e também às autarquias e aos representantes das populações envolvidas, contestando também o facto de “terem tomado conhecimento das áreas para prospeção de lítio, tonadas públicas na quarta-feira, pela comunicação social”, referiu ainda o autarca.

“Mesmo sem conhecimento oficial vamos emitir o parecer negativo, exigindo que seja vinculativo”, afirmou Serra dos Reis que substitui Vítor Pereira na reunião.

Avançando que se trata de uma prospeção, o vereador mostrou receio que seja o primeiro passo para uma futura exploração, “não obstante reconhecer que qualquer país têm o direito de conhecer os seus recursos”, não se pode é “atentar” contra a qualidade de vida das pessoas e do ambiente.

Aos jornalistas, os vereadores eleitos pela coligação “Juntos Fazemos Melhor”, vincaram que são contra a prospeção nas áreas anunciadas pelo Governo, “pelo impacto negativo que uma futura exploração terá nas populações”, frisando que “é necessário tomar posição para travar o processo, antes que se chegue a esse desfecho”.

Recordar que o Governo anunciou na quarta-feira que a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) viabilizou a pesquisa e prospeção de lítio em seis zonas.

Analisando o mapa do documento, o concurso de prospeção abrange os concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte, nomeadamente as freguesias de Ferro, Peraboa, Pêro Viseu e Capinha; parcialmente, as freguesias de Caria, Alcaria, Enxames, Três Povos e a antiga freguesia de Valverde (atualmente, União de Freguesias do Fundão, Valverde, Donas, Aldeia de Joanes e Aldeia Nova do Cabo).

Na Beira Interior, inclui ainda áreas nos concelhos de Seia, Gouveia, Sabugal, Guarda, Fornos de Algodres, Pinhel, Almeida, Trancoso e Mêda.