Santos Silva sonhou e concretizou uma UBI que lhe reconhece a obra. “Professor, valeu a pena”

Reconhecimento pelo trabalho, dedicação, visão e pioneirismo, foram sentimentos expressos na cerimónia que marcou a jubilação de Manuel dos Santos Silva, depois de mais de 46 anos de ligação à UBI e da qual foi reitor entre 1996 e 2009. A cerimónia decorreu este sábado, no auditório das Sessões Solenes da universidade.

Mas, antes de todos os que lotaram o auditório ouvirem a “última lição” de Santos Silva, foi a ele que os atuais líderes da academia deram nota máxima pela vida que dedicou à instituição.


“Uma justa homenagem”, começou por vincar Mário Raposo, atual reitor. Uma homenagem “ao homem, ao professor e ao reitor, um verdadeiro servidor da causa pública”, sublinhou, afirmando que Santos Silva “é um obreiro da construção da nossa UBI”.

“Manuel Santos Silva não confinou o seu trabalho ao departamento pois foi desde o início um obreiro da construção da nossa UBI e, já no decurso do seu reitorado, foi o maior defensor e maior lutador pela Faculdade de Ciências da Saúde e do seu curso de medicina”. Recordando, ainda, que este “foi universitário, foi o professor e foi o reitor que assumiu ativamente os processos de desenvolvimento da universidade e que contribuiu para definir o caminho de afirmação progressiva da instituição”.

Mário Raposo concluiu que Santos Silva “soube combinar erudição com cordialidade e rigor com proximidade”.

Olhando para a atualidade e para o percurso, Mário Raposo diz, olhando para Santos Silva: “Que grande sonho, que grande projeto!”, para realçar o mérito, garantindo também, que os se lhe seguiram na reitoria souberam continuar o seu projeto, contribuindo para a projeção que a UBI tem hoje no país e no mundo. “A sua UBI, a nossa UBI, a vossa UBI todos os dias mostra sinais de vigor, maior projeção e mais vontade de vencer”.

Elogios e agradecimentos que foram também sublinhados por Mário Freire presidente da Faculdade de Engenharia da UBI, da qual Manuel Santos Silva foi o primeiro presidente.

Para além da homenagem “por tudo o que deu à universidade”, Mário Freire agradeceu “o legado” de Santos Silva. “A dedicação, o espírito edificante e a ousadia em arriscar”.

Agradeceu “pela enorme dedicação que sempre demonstrou em tudo o que fez na construção e afirmação da UBI a nível nacional e internacional. Pelo espírito edificante, pela ousadia em arriscar, pela aposta em jovens licenciados e mestres para se formarem como doutores, pelo acarinhamento aos funcionários, pelo acolhimento aos estudantes e pela expressão elegante e humanista com que se dirigia a todos”, disse emocionado, concluindo “Valeu a pena professor”.

Realçou a marca que Manuel Santos Silva deixa na UBI, na transformação do seu edificado e na criação de novas áreas do conhecimento que não existiam. “Foi a partir da marca que deixou na UBI que estamos a construir o futuro. Essa marca é a herança que nos entrega, aqui, hoje”, sublinhou.

Depois destas palavras Manuel Santos Silva, afirmou-se “extremamente emocionado”, ao dar início à sua “última lição”, uma aula de afetos.

Um tribuno aos alunos que por ele passaram ao longo de 46 anos, à sua filha mais velha – a UBI, a quem dedicou uma boa parte da vida. Uma lição que tradicionalmente versa sobre a matéria que lecionou, mas Santos Silva foi diferente e deu uma aula sobre a sua vida, que se confunde com a sua UBI. “Uma vida caraterizada por querer fazer”, disse.

“A minha vida, julgo, foi em grande parte caraterizada por querer fazer algo com sentido, por isso, tal como qualquer ser humano, sonhei, pensei, planeei, construi e nessa travessia orgulho-me da construção de um caminho onde a nossa comunidade hoje se reconhece”.

Uma aula que foi uma viagem pelo passado da UBI e da Covilhã, para se concluir que “havia uma Covilhã antes e outra depois”. Um caminho em que foi “construindo o seu casulo” onde agora também vive a UBI.

“A instituição afirmou-se pela qualidade e diferença, começou a ser mais procurada, a medicina tornou-a uma nova universidade. Havia uma Covilhã antes do Instituto Politécnico, outra depois do Instituto Universitário. Havia uma Covilhã antes da medicina, outra depois”, salientou.

“Termino na crença de que todo o ser humano transporta consigo a sua história”. “Ao longo do caminho todo o ser humano vai construindo o seu casulo, a sua casa, na minha moro eu, a minha família e todos os que me são queridos e nela mora também a UBI porque ela faz parte da minha geografia dos afetos, porque a UBI faz parte de mim”, concluiu.

A terminar a cerimónia o reitor Mário Raposo entregou a Manuel Santos Silva uma placa em agradecimento à dedicação e espírito visionário do antigo reitor. Também a Associação Académica da UBI, em nome dos atuais alunos, e a Associação de Antigos Alunos lhe prestaram homenagem.